Dois Ilustres aventureiros
….DAS MARINHAS PARA O OURO DO BRASIL
Nasceu em Pinhote no dia 6 de Dezembro de 1716, filho de
João Vieira Repincho – o Moço e de Mariana Monteiro de Barros, que haviam
casado em Carapeços em 30 de Novembro de 1714. No dia 20 de mesmo mês foi baptizado
com o nome de Manuel José, pelo padre João Gonçalves, sob autorização do então
vigário das Marinhas Urbano de Faria Machado, tendo como padrinhos António
Monteiro de Barros, casado com Antónia Barbosa de Faria, de Carapeços, Barcelos
e Joana de Jesus Maria e José, solteira, filha do Tabelião Manuel Caminha de
Morais e de Inês Coelho, da Vila de Esposende; serviu de testemunha ao acto o licenciado
pela Universidade de Coimbra, Alexandre Vieira Repincho que veio a ser Provedor
da Misericórdia de Esposende em 1726. Seu avô materno, Dr. Manuel Monteiro de
Barros era Cavaleiro Fidalgo e médico da Câmara da Raínha e o paterno, tinha o
mesmo nome que seu pai, João Vieira Repincho (o Velho) ; era das Marinhas e
havia sido Juíz de Fora em Melgaço em
1682.
Manuel José Monteiro
de Barros, de seu nome completo, pertencia à aristocracia minhota e como
muitos outros, embarcou para o Brasil em 1761 com 45 anos, atraído pela mineração,
fixando-se inicialmente na Baía. Mudou-se, depois, para Minas Gerais onde obteve
a sesmaria de Galés de Cima, em S. João d’El Rei, Vila Rica, actual Ouro Preto,
descobrindo aí grande lavra de ouro.
Foi Guarda Mor das minas de ouro de Vila Rica. ”Guarda Mor” era um dos títulos
nobiliárquicos que servia como símbolo de poder político entre
a elite e os grandes proprietários
rurais. Muitos dos agraciados, eram descendentes directos da nobreza portuguesa e até da alta nobreza,
especialmente as famílias chegadas nos primeiros séculos da colonização do
Brasil.
Já com 50 anos, casou em 16 de Agosto de 1766, com Margarida
Eufrásia da Cunha Matos, filha do Guarda Mor Alexandre da Cunha Matos, no
Oratório de D. Antónia de Negreiros, em Passa-Dez, na freguesia de Nossa
Senhora da Pilar, de Vila Rica.
Deste casamento nasceram nove filhos, dos quais duas mulheres,
cuja numerosa descendência veio a integrar a chamada aristocracia rural cafeeira
do séc. XIX.
Barões, condes, viscondes, militares e presidentes de
províncias do Brasil Imperial, senadores e eclesiásticos, espalharam-se por
Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e S. Paulo, transformando-se numa
das famílias mais influentes, que atingiu o seu auge e opulência nos dois
primeiros períodos do Brasil Imperial.
Manuel José Monteiro de Barros, morreu em 9 de Julho de 1789
e deixou testamento. Está sepultado na Igreja Mariz de Vila Rica, mas sete
antes, em 24 de Junho de 1782, obtivera alvará de
Cavaleiro Fidalgo, segundo o que consta no Registo Geral de Mercês de D. Maria
I.
Como curiosidade refira-se que, de entre a descendência da
sua numerosa prole, contam-se os actores José Carlos Monteiro de Barros (Diogo
Vilela) e Letícia Spiller nossa conhecida das actuais novelas brasileiras; ambos
têm as suas raízes que mergulham na à época remota do ciclo do ouro do Brasil e
no ADN deste marinhense de Pinhote, que num dia , já muito distante, daqui partiu
à aventura e foi bem sucedido .
(Publicado no jornal digital "Esposende Acontece)
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