….e DE ESPOSENDE PARA O TABACO, OURO E PEDRAS PRECIOSAS
António dos Santos Vilas Boas nasceu na Casa da Ribeira, uma das
casas mais emblemáticas de Esposende que
se situava nesmo em frente ao local onde funciona o conhecido “café
Vermelhinho” e que foi sacrificada para dar lugar à actual avenida Marginal. Este edifício, que remontava ao tempo
de D. João III, com quintal virado para o rio, foi a primeira casa onde se
instalou a Guarda Fiscal..
António dos
Santos Vilas Boas, nasceu aí, em 1 de Novembro de 1693. Era filho do Capitão de
navios Manuel Ferreira Rego e de Maria de Fátima de Vilas Boas Ferreira;
descendia, pelo ramo da mãe , de várias gerações que vieram de Azurara e Vila do Conde, trabalhar para aqui, alguns deles
como mestres construtores navais,
Apesar da
varonia destes Vilas Boas, ser Ferreira, na geração seguinte passou para Faria Azamores,
os mais antigos de Esposende, Porém, este ramo, privilegiou o apelido do Vilas
Boas, e nunca o dexaram caír através de várias gerações que chegaram até aos nossos
dias,
Foi baptizado na Matriz de Esposende, pelo Padre coadjutor Sebastião
de Vilas Boas, seu parente, servindo de padrinhos João Martins Ferreira e sua
enteada, Antónia, solteira.
António dos Santos Vilas
Boas também muito
cedo embarcou para o Brasil, onde foi proprietário de fazendas de tabaco e
minerou, ouro e pedras preciosas, juntamente com seu primo Manuel Machado
Carmona, também de Esposende, senhor de engenhos de açúcar.
Obteve Carta de FSO (Familiar do Santo Ofício) em 22-12-1755,
em cujo processo se diz tratar-se dum homem de negócios, solteiro, tendo as
suas lavras de ouro e de tabaco e que vivia nas Minas, no Arraial das Figuras,
na freguesia de Santo António de Jacobina, no arciprestado da Baía.
Era considerado pessoa de bom procedimento, vida e costumes,
capaz de ser encarregado de negócios de importância e de segredo, Vivia limpa e
abastadamente, minerando com seus escravos e também vendendo fazendas. Teria
mais de 10.000 cruzados de cabedais; sabia ler e escrever e tinha 40 anos de
idade.
Em 1.10.1749, ainda era solteiro e estava de regresso a
Esposende, aonde foi padrinho, até 1675, de 6 bautizados. Entretanto em 1752,
serviu como Vereador da Câmara de Esposende., Pouco depois, casou-se em Fão, ,em
15 de Junho de 1756, com Ana Maria do Sacramento de Freitas Cabral da Mina,
muito mais nova que ele, filha de Manuel Freiras Cabral da Mina, natural da
cidade da Guarda, e D. Maria Antónia de
Carvalho Pinheiro, de Fão. Deste casamento nasceram 7 filhos, sendo porventura
o mais representativo o Capitão João Atanásio dos Santos Vilas Boas Faria
Cabral, que foi Tabelião em Esposende Este
João Atanásio, que também nasceu na
Casa da Ribeira, foi Tabelião em Esposende e foi nomeado Tenente Secretário do
Regimento 21 de Linha e depois capitão do Exército, da Repartição do Estado
Maior.
Em 1803 elaborou um mapa estatístico dos géneros nos armazéns
dos portos de mar de Vila do Conde, Póvoa de Varzim e Esposende;
Em 1809 foi enviado o a Espanha, a tratar com a junta dos
meios de defesa possíveis, para travar o Marechal Soult.
vindas de Viana, conseguindo
prender os oficiais e a guarnição Em 3 de Novembro de 1812, era capitão do
mesmo regimento e ajudante do Marechal de Campo Champalimaud; foi Cavaleiro da
Ordem Militar de Aviz e condecorado com a medalha da Realeza. Em 1821 foi
nomeado Governador do Castelo de Vila do Conde e em Junho de 1823, assaltou o
próprio forte quando este se encontrava ocupado pelas forças Constitucionais.
Por este acto foi julgado em
Conselho de Guerra, realizado em Braga. Foi aí condenado à morte, pena
subsumida por degredo e finalmente acabou preso por 2 anos, com residência fixa
na fortaleza de Valença do Minho, onde veio a falecer em casa de seu filho José
Marcelino, ficando sepultado no Mosteiro de Ganfei.
João Atanásio, que era um
fervoroso absolutista, partidário de D. Miguel -, apoiou os seus dois filhos
mais velhos na fuga para Espanha, donde retornaram fazendo parte das tropas do
Marquês de Chaves, que apoiava D. Miguel. No período em que viveu em Esposende,
participou com o Dr., José Joaquim de Faria e Andrade, o Dr, José António do Monte
Fogaça , sargento mor Manuel Maciel Ferreira de Araújo e José Joaquim da Silva
Pinto e Castro, nas sucessivas aclamações a D. Miguel, quer em Esposende, quer
em Fão.
Fontes: -Digitarq /Lisboa/Porto/Braga
-Web
- Gerações
da Fundação da Vila de Esposende.
Esposende, Abril de 2015