segunda-feira, 22 de novembro de 2010

continuação

-Manuel dos Santos Galo, de 33 anos, de Ílhavo, era o mestre do hiate "BOM JESUS DOS NAVEGANTES", quando este saiu a barra de Esposende em direcção a Setúball, em Setembro de 1863.
Nesta altura era propriedade de José Martins Barbosa Júnior & Cª.
Este hiate tinha sido construído em 1850, nos estaleiros de Fão , por João Gomes Saraiva, para Manuel André Mendes, que era um armador de Fão.
Deslocava 69,5 tons. Tinha a pôpa fechada, borda falsa, beque e salto à ré.

- João Fernandes Mano, era o mestre do hiate "RESSUSCITADO" que pertencia a joaquim Pereira & Cª. de Aveiro.
A equipagem deste navio, toda de Ílhavo, foi matriculada em 11 de Julho de 1870 na Alfândega de Esposende.
João Fernandes Mano, que na altura tibha 45 anos, tinha como seu contramentre João Fernandes Pinto, de 32.
Tomé Campino;, de 36 anos;  António dos Santos, de 24 e Luís dos Santos Boia de 24 , eram os marinheiros.
João Forte-Homem ,de 17 e António Simões Chuva, também de17 anos eram os "moços"de bordo.
Saíram de Esposende para o porto de Huelva, em Julho de 1870, com passaporte Real de 23 de Julho de 1869. que o autorizava  o navio a voltar  por onde lhe conviesse.
Em 1872, João Fernandes Mano, manda construir em Fão, a Luis José da Silva Maciel, um hiate com 19,30 metros de quilha, 5,4 de boca e 2,2 de pontal. a que dá também o nome de "RESSUSCITADO", sendo ele mesmo o mestre dele.
continua...

1 comentário:

  1. «O VINTE E UM» - Um aventureiro de Séc. XVII

    João Gonçalves (Belinho) nasceu pelos anos de 1600.
    A sua família será originária de S. Pedro Fins, de Belinho, tal como outras que se estabeleceram em Esposende, adoptando o nome das freguesias donde eram originárias
    Tinha ascendentes em Vila Chã e em 1598, seu pai, Álvaro Pires Belinho era irmão da Santa Casa. Ele próprio foi devoto irmão, contribuindo com generosas esmolas.
    João Gonçalves Belinho, casou em Esposende, com Maria Fernandes de Faria, membro da influente família dos Farias, oriundos de Barcelos, parentes do célebre alcaide Gonçalo Nuno. Em 2 de Março de 1642, juntamente com sua mulher, foi testemunha notarial numa escritura de dote a Benta de Faria, viúva, para esta casar com Filipe Dias, capitão de navios. Este dote incluia uma parte de um navio que ela tinha a fabricar no estaleiro de Francisco Dias ou 40.000 reis de contado e tudo o mais que pertencia à dita viúva.
    João Gonçalves foi também padrinho em vários baptizados e casamentos na Matriz de Esposende e é citado no processo do Tribunal da Inquisição de Coimbra que decorreu entre 1641 e 43, relativo ao Padre Manuel de Barros Pereira, da Casa do Rêgo.
    Nos próprios registos de Baptismos, João Gonçalves aparece com a alcunha de “vinte e um”.
    Era um homem do mar. Ora era capitão ora era mestre de navios. Um aventureiro, um negociante, à procura de fortuna, tal como muitos outros conterrâneos do seu tempo.
    Nessa altura, era comum, para além da partilha da propriedade do barco, os mercadores associarem-se e participarem em negócios que envolvessem contratos feitos em conjunto, não só sobre a embarcação, mas também sobre as mercadorias, o que de imediato, diminuía o risco.do capital investido.
    Formavam-se assim autênticas companhias, «ad hoc», que facilitavam o movimento de capitais e permitiam aos mercadores alargar o seu raio de acção comercial
    É numa dessas situações que vamos encontrar o «Vinte e um» em Ponta Delgada, nos Açores, em 7 de Outubro de 1648
    Juntamente com Domingos Vaz de Brito, João Soares Serra e Manuel Fernandes da Silva, João Gonçalves Belinho fez uma dessas «companhias» por conta da qual carregou o navio «S. Francisco e Nossa Srª dos Remédios», de que era o mestre e interveniente no negócio.
    O navio estava no porto de Ponta Delgada e a sua prevista viagem correspondia ao chamado percurso triangular: Ponta Delgada – Cabo Verde – Espírito Santo (Brasil), transportando as mercadorias habituais nesta rota, como escravos, açúcar, couros, algodão, etc.
    Dois dos mercadores desta «companhia», Domingos Vaz de Brito e João Soares Serra, ficaram em Ponta Delgada; os outros dois seguiam viagem com as mercadorias a bordo.
    Entre eles, foram trocadas procurações com amplos poderes de representação.
    Porém, nada obrigava a que, após efectuada a viagem, o acordo continuasse a vigorar e a «companhia» a funcionar.
    O carácter destas «companhias» ou «sociedades» era efémero, como prova o facto deste navio ter sido dado como vindo da Baía, sendo seu proprietário Manuel Fernandes da Silva.
    No caso das Cartas de Frete, ambas as partes interessadas compareciam perante o Tabelião que era quem redigia o texto do Contrato.
    No Porto onde habitualmente os nossos capitães amarravam, para fretar os seus navios aos negociantes daquela praça, as cartas de frete eram feitas nos Tabeliães da Rua das Taipas, ainda hoje existente Tal como eram feitas em Esposende, no tabelião local, a partir de meados do séc XVI..
    Em 1666, no dia 8 de Junho, morreu João Gonçalves (Belinho) o «Vinte e um».
    Estava preso em Lisboa, por não ter pago à Alfândega, uns direitos de seu navio. Foi enterrado na Igreja dê S. Julião., segundo as notícias trazidas pelo capitão Manuel Dias de Faria, que assistiu à sua morte.
    A sua naturalidade levanta algumas dúvidas e ficou por esclarecer nas Inquirições do Santo Ofício, levadas a cabo em Esposende sobre os ascendentes de seu neto, o Capitão Manuel Fernandes de Faria, que também obteve carta de Familiar em 1735.

    (Publicado no Jornal "Farol de Esposende , em Outubro de 2013)


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